Campeonato de
futebol bom é aquele que pelo menos em algum momento, um cachorro invade o
campo. Se isso não acontecer, não é um campeonato de respeito. Cachorros adoram
invadir o gramado, ouso dizer que um dos habitat
natural do cachorro é o campo de futebol, assim como dos Quero-Queros. Mas a
grande diferença é que para os pássaros é fácil entrar em campo, haja vista que
99% e uns quebrados dos campos de futebol são descobertos.
Para os cães,
essa tarefa exige uma certa sagacidade. Primeiro eles têm que conseguir entrar
no estádio, que nem sempre é algo simples, pois existem algumas barreiras
físicas como muros, grades, catracas e afins. Após este feito ainda têm que
burlar a segurança e demais seres humanos que possam vir a tentar impedi-los.
Quando
conseguem esta brecha e alcançam o perímetro do certame, aí pode esquecer que
nem a Swat evita a entrada do cão
dentro das quatro linhas. E não importa se é mata-mata, se é amistoso, se é
final ou se é clássico, se o cão quer entrar ele entra.
E quando
entra, ah... quando ele entra! É uma das cenas mais lindas da humanidade, a
alegria do Canis lupus familiaris é
algo admirável e invejável. Sempre com uma ingenuidade, não quer nunca fazer
mal a ninguém, apenas se divertir. Diferente de quando um Homo sapiens faz o mesmo, que nem sempre têm intenções louváveis.
O cachorro
quando entra em campo, de alguma forma recebe forças de mestres do futebol,
como Garrincha, Cruijjf e companhia limitada, pois adquire uma habilidade que
ninguém consegue o pegar, dibra mais
que o Ronaldinho Gaúcho. E quando dribla seus perseguidores, é mais bonito que
um gol de Pelé! E esse é o único momento em que toda a torcida do estádio se
une com o mesmo intuito. Torcidas adversárias, arquibancada, camarote, geral
(saudosa geral), todos, sem exceção, em uníssono, torcem pela mesma coisa: a
fuga do cão.
A única coisa
que se aproxima deste fenômeno de unir torcidas adversárias, é o escorregão de
um árbitro em campo. Quando isso acontece, é uma comoção só! A diferença é que
este dura apenas alguns segundos, já o episódio canino, pode durar alguns bons
minutos.
Campeonatos
que isso acontece, ou seja, campeonatos de respeito, geralmente acontecem aqui
na América Latina e principalmente em divisões inferiores ou campeonatos cujos
holofotes da imprensa nem sempre estão ligados. Nunca vi por exemplo, um chien invadir o campeonato francês, ou
um hund invadindo um jogo do
campeonato dinamarquês. Muito menos em um mata-mata da Champions League.
E se ele entra
em campo e interrompe uma jogada, melhor ainda! O legal é que mesmo que
atrapalhe uma grande jogada com perigo de gol, ninguém vai ficar com raiva do
animal, digo raiva mesmo, podem até dar uma xingadinha, mas logo logo aquela
criatura de quatro patas amolece os corações dos torcedores mais raivosos.
Inclusive, sou
a favor de todos os times terem um cachorro como aliado, uma espécie de mascote
extra-oficial, mas que o mesmo seja livre, que possa entrar e sair do estádio e
do campo a hora que bem entendesse, independente de o time estar ganhando ou
perdendo.
Por um mundo
com mais cachorros invadindo o campo. Pelo bem do futebol!
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